Meteorologia Aeronáutica

METAR: A linguagem crua da segurança aérea

Entendendo o relatório que decide se o seu voo decola ou fica no chão.

[Imagem do painel de cockpit de um avião moderno com telas]

Na aviação, não há espaço para ambiguidade. Enquanto um passageiro olha pela janela e diz "parece que vai chover", um piloto precisa de dados precisos, padronizados e globais. É aqui que entra o METAR.

O que é um METAR?

O METAR (METeorological Aerodrome Report) é o padrão ouro na observação meteorológica para a aviação. Não é uma previsão do futuro, é uma fotografia instantânea das condições atuais em um aeroporto específico.

Ele é gerado tipicamente a cada 30 ou 60 minutos (dependendo do aeroporto e das mudanças nas condições) e utiliza um formato de código alfanumérico estabelecido pela OACI, permitindo que um piloto do Japão entenda as condições no Brasil sem barreiras de idioma.

Fato chave: O METAR é a base para tomadas de decisão críticas, como o cálculo de combustível, o comprimento de pista necessário para a decolagem e a viabilidade do pouso.

Anatomia de um relatório

À primeira vista, parece uma linha de código incompreensível, mas sua estrutura é lógica e sequencial. Vamos ver um exemplo real:

[Imagem de instrumentos de estação meteorológica de aeroporto]

SBGR 031400Z 12015KT 9999 FEW030 22/16 Q1018

📍 Onde (SBGR) Código ICAO do aeroporto (Guarulhos, São Paulo).

🕒 Quando (031400Z) Dia 03 do mês às 14:00 hora Zulu (UTC).

💨 Vento (12015KT) Vindo de 120 graus a 15 nós de velocidade.

👁️ Visibilidade (9999) Mais de 10 km (visibilidade ótima/clara).

☁️ Nuvens (FEW030) Poucas nuvens a 3.000 pés de altura.

🌡️ Temperatura (22/16) 22°C temperatura ambiente / 16°C ponto de orvalho.

📉 Pressão (Q1018) QNH de 1018 hectopascais (chave para calibrar o altímetro).

Quem consome essa informação?

Embora seja público, o METAR é uma ferramenta profissional utilizada principalmente por:

• Pilotos: Para determinar se as condições cumprem os mínimos legais para operar (regras VFR ou IFR).

• Controladores de Tráfego Aéreo (ATC): Para decidir qual pista está em uso (baseado no vento) e gerenciar a separação das aeronaves.

• Despachantes Operacionais de Voo (DOV): Para planejar a rota e a carga de combustível necessária caso seja preciso alternar para outro aeroporto.

Na próxima vez que você voar, lembre-se: aquela suavidade na decolagem começou muito antes, com uma leitura precisa desta simples linha de texto.